sábado, 18 de junho de 2011

FALANDO UM POUCO DE UVAS...

O terroir e as técnicas enológicas exercem um papel importante, mas é a cepa específica ou a combinação de uvas que mais influencia o sabor de um vinho. A familiaridade com as variedades de uvas é uma das melhores maneiras de apreciar a incontável diversidade de estilos e sabores dos vinhos.

Como o inverno é tempo de bebidas quentes e encorpadas, hoje optei por falar das características e dos diferentes estilos das uvas que compõem o nosso bom vinho tinto. Quer coisa melhor com esse friozinho?  

As variedades de uvas de casca vermelha ou escura são as variedades que chamamos de tintas, contudo, cada uma delas resulta em vinhos bem diferentes. Há variedades que possuem potencial para vinhos mais jovens, ligeiros e alegres e, outras para vinhos mais longevos, encorpados e complexos. Tudo vai depender da capacidade de produzir os componentes que formarão parte da estrutura de cor e sabor do futuro vinho, o terroir influencia muito nesta questão, por isso que as cepas originam vinhos diferentes dependendo do lugar onde são cultivadas, mas de terroir falaremos outro dia, primeiro vamos às variedades.
Falar de cultivares é um assunto bastante amplo, neste primeiro momento escolhi cinco importantes variedades tintas para comentar.

Cabernet Sauvignon – São feitos mais vinhos de qualidade com esta cepa do que com qualquer outra. Originária da margem esquerda de Bordeaux, ali alcança a sua expressão máxima em vinhos bem estruturados, elegantes e de bom envelhecimento. Nos tintos clássicos, é combinada com a Merlot e Cabernet Franc. Foi bem sucedida no Vale do Napa, na Califórnia, onde produz vinhos que explodem em frutas maduras. No Brasil chegou ao fim da década de oitenta e até hoje é a principal variedade tinta, onde resulta em vinhos complexos, tânicos, ideais para maturar em barricas de carvalho e envelhecer na própria garrafa.

Cabernet Franc – Parente próximo da Cabernet Sauvignon é uma cultivar que produz tintos mais leves e suaves com sabores e aromas de amora, groselha e ervas. Desde Bordeaux a vários outros lugares do mundo é muito utilizada nas mesclas, ou assemblage. No Brasil elabora vinhos de boa qualidade, elegante, equilibrado e de mediana guarda, cerca de três a quatro anos.

Merlot – Proveniente de Bordeaux, e lá é a cepa dominante nas mesclas, produzindo vinhos sedosos e com nuanças de ameixa que duram décadas. Em outras partes do mundo a Merlot é popular como varietal, com seus taninos suaves e sabores carnosos bem característicos. Apesar de ser uma variedade com potencial para o envelhecimento, em algumas partes do mundo produz vinhos jovens, leves e fáceis de beber, como no Chile. No Brasil parece ter encontrado ambiente propício nos solos argilosos da nossa Serra Gaúcha onde permite elaborar vinhos valentes, encorpados, com boa estrutura de corpo, e permite certa longevidade de seis a oito anos.  


Pinot Noir – Variedade de origem francesa é considerada a rainha da Borgonha e é responsável por um dos vinhos mais famosos do mundo: O Romanée Conti. É muito bem sucedida em várias partes do mundo, gerando vinhos excepcionais, tintos medianamente encorpados de aromas perfumados que evoluem com a idade. É uma cepa instável que exige clima frio, poucos frutos e muito cuidado com o vinhedo. O clima úmido da Serra Gaúcha impede que esta uva se desenvolva com a magnitude da região de origem. Resulta em vinhos mais leves, ligeiros, pouco longevos e frutados, entretanto, uma boa safra aliada a um sistema de vinificação cuidadoso pode surpreender. É especial também quando utilizada na elaboração de espumantes.

Syrah ou Shiraz – Na França esta cepa é conhecida por Syrah e produz vinhos com boa estrutura, perfumados e de bom envelhecimento na região norte do Rhône. Já no novo mundo é conhecida por Shiraz, é responsável pelos vinhos mais intensos e desejados da Austrália, onde o clima quente gera um vinho maduro, profundo e de excelente expressão. Fora da Austrália e da França, vimos rótulos tanto com “Syrah” ou “Shiraz”, a grafia escolhida dá uma ideia de estilo.

http://www.vitrinedovinho.com.br/component/page,shop.product_details/flypage,flypage.tpl/product_id,387/category_id,67/option,com_virtuemart/Itemid,10003/


Então meus amigos, por hoje era isto... Este é um assunto vasto e continuaremos a falar de uvas tintas, vinhos tintos, uvas brancas e vinhos brancos muitas vezes ainda. Coloquei acima o Syrah produzido no Vale dos Vinhedos pela vinícola Almaúnica porque é um vinho que realmente vale a pena conhecer e verificar o potencial da Syrah no Brasil. Eu tive este prazer, e adorei!

Um abraço e até breve!

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