terça-feira, 22 de novembro de 2011

O quê determina um grande vinho?



Vinhedos Vinícola Don Giovanni
Falamos tanto de grandes vinhos e do fato de gostar de vinhos, mas afinal de contas o que determina se um vinho é bom ou ruim? Grande ou não? Pois afinal, gostar de um determinado vinho, significa apenas gostar de um vinho.
Acredito plenamente todo vinho merece duas avaliações: uma subjetiva e outra objetiva.  Assim como a música, você pode até não apreciar Mozart, no entanto, concorda que ele foi um grande músico. Portanto, chegar a um ponto de conhecimento suficiente onde você pode emitir a sua opinião subjetiva e objetiva sobre um vinho, é o estágio no qual você pode se dizer um conhecedor.
Cada um de nós tem um gosto pessoal, é perfeitamente aceitável que você goste de um determinado vinho e saber que ele não é um grande vinho no contexto geral.  É por isso que sempre foco muito no respeito pela opinião alheia. Cada um tem o direito de gostar do vinho que quiser e tem a obrigação de respeitar o gosto do outro, mesmo que não seja a sua preferência ou não esteja enquadrado no seu conceito de correto.
Por exemplo, uma pessoa que passa a vida toda bebendo e apreciando a potência e os taninos expressivos de um Cabernet Sauvignon ao se deparar com a leveza e jovialidade de um Pinot Noir poderá não gostar, mas deverá reconhecer a sua qualidade se ele assim se apresentar.
Para saber se um vinho apresenta qualidade e grandiosidade é importante avaliar cinco características: caráter varietal, integração, expressividade, complexidade e caráter de origem.
Possuir caráter varietal distinto é positivo. Num Chardonnay, por exemplo, é esperado encontrar cremosidade, textura, já em um Sauvignon Blanc se espera frescor, leveza...
A boa integração é observada quando os componentes do vinho (ácido, tanino, madeira, alcóol...) estão tão perfeitamente interligados que nenhum se sobrepõe ao outro.  A integração tem a ver com a harmonia geral do vinho: na sua apresentação visual, aromática e gustativa e quanto mais redondo e harmonioso for, que não se possa detectar nenhum componente isolado, mais grandioso é o vinho.
A expressividade é a qualidade que um vinho possui quando seus aromas e sabores são bem definidos e claramente projetados.
Vinhedos Vinícola Don Giovanni
A complexidade para mim é o que há de mais maravilhoso em uma degustação. A complexidade de um vinho se descortina a cada vez que levamos a taça ao nariz e a boca e descobrimos um novo aroma, um novo sabor. É por este e outro motivos que falamos que vinho é arte; um bom filme, a boa música, uma grande pintura fica na nossa cabeça por muito tempo e sempre retornam a mente quando menos se espera, assim é o grande vinho e sua complexidade, os sabores e aromas ficam armazenados na mente marcando os grande momentos e quando relembramos estes momentos, os aromas e sabores voltam como mágica.

E o último aspecto a ser observado é o caráter de origem. Do meu ponto é a qualidade mais difícil de identificar. Tem a ver com a identidade cultural do vinho, o elo entre o vinho e o terreno que o originou.  O caráter de origem vai apresentar as características da região, sua tradição e seu povo. Por exemplo, os vinhos do Brasil jamais poderão ser comparados com vinhos de outra parte do mundo, aqui temos o nosso solo, nosso clima, nossas videiras, nossa posição solar, nossas horas de exposição solar, horas de frio, chuva... E isso será diferente em qualquer outro lugar do mundo. Portanto ao degustar um vinho, devemos pensar na origem e cultura do lugar, ou melhor, entender que é isto que está se apresentando através do vinho, gostar ou não é opção de cada um, mas avaliar com respeito sempre.