quinta-feira, 11 de março de 2010

DEFEITOS DO VINHO E AS CONDIÇÕES INADEQUADAS DE ARMAZENAMENTO

Aqui já conversamos muitas vezes sobre os cuidados a serem tomados na hora de servir ou degustar um bom vinho. Mas tem um que, se não for tomado bem antes de qualquer outro, pode estragar o seu programa: armazenamento e conservação do vinho. Alguns defeitos apresentados no vinho estão diretamente relacionados a condições inadequadas de armazenamento, conservação e transporte.

Então, para evitar surpresas desagradáveis, vamos dar algumas dicas sobre como preservar, na medida do possível, as características organolépticas do vinho, que são todas as sensações olfativas, gustativas e táteis, percebidas durante a sua degustação.

Em condições prejudiciais à sua conservação, os conservantes naturais do vinho estão sujeitos às conseqüências comuns a todos os produtos mal armazenados, ou que porventura não sejam consumidos dentro do período adequado. Um problema grave é o “bouchonée”. Palavra derivada da expressão bouchon (rolha, em francês). É causado pelo TCA, um fungo que afeta a rolha e contamina o vinho. Um vinho bouchonée tem forte aroma de mofo, que torna impossível ingerir a bebida. O pior é que esse defeito só será percebido após abrirmos à garrafa e provarmos seu aroma.

Outro problema trágico é a oxidação, um processo natural a todos os elementos vivos e, portanto, também o vinho. Contato inadequado com o ar ou tempo ideal de consumo esgotado torna o vinho oxidado. A bebida adquire um aroma de vermute e, em muitos casos, um odor avinagrado decorrente da proliferação de bactérias acéticas, que causam acetificação no vinho (transformação em vinagre). A oxidação não é decorrente só da falta de cuidado no armazenamento. Pode ocorrer antes também. O contato do ar sem nenhum controle durante a vinificação (processo de elaboração da bebida) é fatal.

Devemos sempre lembrar de alguns cuidados básicos e acondicionar os vinhos de forma a evitar os problemas já citados. Esses cuidados são, principalmente, guardar a garrafa no escuro, ou com o mínimo possível de luz. A luminosidade provoca a deterioração dos componentes que dão cor ao vinho. Recomenda-se que a temperatura fique em torno dos 18ºC, sem muitas variações. A umidade deve se manter em mais ou menos 75%. Menos do que isso pode fazer a rolha ressecar e encolher, permitindo a entrada de ar. Umidade muito elevada pode ocasionar mofo no rótulo e na rolha contaminando o vinho.

A posição das garrafas ao serem acondicionadas também é muito importante. Na posição horizontal a rolha se mantém úmida e inchada, com isso lacrando bem a garrafa e não permitindo a entrada de ar. A rolha também possui a capacidade de absorver aromas. Se você armazenar a garrafa em locais em que haja odores fortes ou usar produtos de limpeza nos locais de armazenamento, é muito provável que os cheiros passem para o vinho. Vale lembrar que quanto menos se mexer nas garrafas melhor, pois desta forma evita-se a dispersão dos sedimentos e a alteração da viscosidade do vinho.

Após aberto, o vinho deve ser consumido preferencialmente no mesmo dia, pois o contato com o ar oxidará rapidamente. Se não for consumido, dependendo do tipo, o vinho pode ficar armazenado na porta da geladeira por no máximo dois dias. Porém, mesmo assim, a bebida vai sempre perder suas características.

Josi Cardoso
http://www.vitrinedovinho.com.br/

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