Vinhedos Vinícola Don Giovanni |
Acredito plenamente todo vinho merece
duas avaliações: uma subjetiva e outra objetiva. Assim como a música, você pode até não
apreciar Mozart, no entanto, concorda que ele foi um grande músico. Portanto,
chegar a um ponto de conhecimento suficiente onde você pode emitir a sua opinião
subjetiva e objetiva sobre um vinho, é o estágio no qual você pode se dizer um
conhecedor.
Cada um de nós tem um gosto pessoal,
é perfeitamente aceitável que você goste de um determinado vinho e saber que
ele não é um grande vinho no contexto geral. É por isso que sempre foco muito no respeito
pela opinião alheia. Cada um tem o direito de gostar do vinho que quiser e tem a
obrigação de respeitar o gosto do outro, mesmo que não seja a sua preferência
ou não esteja enquadrado no seu conceito de correto.
Por exemplo, uma pessoa que passa
a vida toda bebendo e apreciando a potência e os taninos expressivos de um
Cabernet Sauvignon ao se deparar com a leveza e jovialidade de um Pinot Noir
poderá não gostar, mas deverá reconhecer a sua qualidade se ele assim se apresentar.
Para saber se um vinho apresenta
qualidade e grandiosidade é importante avaliar cinco características: caráter
varietal, integração, expressividade, complexidade e caráter de origem.
Possuir caráter varietal distinto
é positivo. Num Chardonnay, por exemplo, é esperado encontrar cremosidade,
textura, já em um Sauvignon Blanc se espera frescor, leveza...
A boa integração é observada
quando os componentes do vinho (ácido, tanino, madeira, alcóol...) estão tão
perfeitamente interligados que nenhum se sobrepõe ao outro. A integração tem a ver com a harmonia geral
do vinho: na sua apresentação visual, aromática e gustativa e quanto mais
redondo e harmonioso for, que não se possa detectar nenhum componente isolado,
mais grandioso é o vinho.
A expressividade é a qualidade
que um vinho possui quando seus aromas e sabores são bem definidos e claramente
projetados.
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A complexidade para mim é o que
há de mais maravilhoso em uma degustação. A complexidade de um vinho se
descortina a cada vez que levamos a taça ao nariz e a boca e descobrimos um
novo aroma, um novo sabor. É por este e outro motivos que falamos que vinho é
arte; um bom filme, a boa música, uma grande pintura fica na nossa cabeça por
muito tempo e sempre retornam a mente quando menos se espera, assim é o grande
vinho e sua complexidade, os sabores e aromas ficam armazenados na mente
marcando os grande momentos e quando relembramos estes momentos, os aromas e
sabores voltam como mágica.
E o último aspecto a ser observado é o caráter
de origem. Do meu ponto é a qualidade mais difícil de identificar. Tem a ver
com a identidade cultural do vinho, o elo entre o vinho e o terreno que o
originou. O caráter de origem vai
apresentar as características da região, sua tradição e seu povo. Por exemplo,
os vinhos do Brasil jamais poderão ser comparados com vinhos de outra parte do
mundo, aqui temos o nosso solo, nosso clima, nossas videiras, nossa posição
solar, nossas horas de exposição solar, horas de frio, chuva... E isso será
diferente em qualquer outro lugar do mundo. Portanto ao degustar um vinho,
devemos pensar na origem e cultura do lugar, ou melhor, entender que é isto que
está se apresentando através do vinho, gostar ou não é opção de cada um, mas
avaliar com respeito sempre.